segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Privada
entope as veias
pelo fetiche
que meu corpo não precisa
Irradia de fúria
pulsa no pensamento da propriedade


Reifica
Coisifica réus
presos na ilusão
do livre caminhar
sem sair do lugar
Forjada liberdade...

domingo, 5 de setembro de 2010

Cerrado

O Sol ao entardecer.

 Irradia a seca pura.

Meus olhos mergulham.

Sem saber e sem entender.

 

E o fogo se alastra por uma simples fagulha,

na seca pura sem saber o que vai acontecer.

Apaga e reacende.

 

Sufoca e entorpece

Meus encantos
Desenganos

Inexplicáveis descompassos
E um tropeço no galho
Dou um passo
Embaraço ao rastejar

E as formigas buscam água
Pessoas abrigos
No descontínuo sol
Que congela
Corpos ao anoitecer

Um deserto
Sertão
Cerrado

Ao contrário do que poderia ser
Já não é
o que já foi
evapora o que estava cheio
de emoção
ao ver a efusiva evaporação
de mentes e fontes de esperança
           
 que secará...


sexta-feira, 2 de julho de 2010

China

Ruas perdidas em mercadorias
os puxados semblantes
esforçados
numa labuta sem distinção do gênero

E a amarela em busca
de transparentes maçãs
no fetiche da homogeneização
das culturas transladadas
permanentes
na veia de pulsante exploração
na terra do Sol nascente
céu sem azul do oriente

O ópio
em corpos inclinados
esticados na arte
no golpe
os incensos
criam a fumaça para o consenso

Multidões ocupam o cantão
sem entender
os sinais
ajudam a sobreviver
numa estrutura sem igual
a imensa nação

Macau não foi
cultural na revolucionária tentativa
mao sucedida
na possibilidade da real liberdade

As amarras das contradições
da escravidão capitalista
aprisionam    
    matam
utopias e vidas
para além da China...

sexta-feira, 5 de março de 2010

Desairosa razão

Descabido direito
Enriquecimento ilícito
Que razão é essa?


Deturpa
Compara a Arruda
Ladrões


Apologetas dos patrões
Fantasiam o real
Condena:
Privilegiados!
Agraciados!


Transforma bandeiras vermelhas
Em verdes alucinações
Enganações

Precariedade da universidade
Em privada transforma
Sem pífia seriedade


Perdas fruto da vereda
Ofensiva ao trabalhador
Na constante artimanha


Engana
Mantém a cerca societária
E pensam nossa compreensão como otária

Coisifica
Barateia
nossa força
nossa mão

Sucateia
nossa mente
E a educação


E sabe se lá quantos outros braços do polvo
A nos sugar a vida e a bolsa

Como diria Drummond
O presente é tão grande, não nos afastemos
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas

Gregos indicam
O tempo não mente
É curto camaradas

E somos muitos milhões de homens comuns
E podemos formar uma muralha

Numa aguerrida luta
É tempo...
Vamos de mãos dadas...

(02.03.2010 - Bsb)

domingo, 28 de fevereiro de 2010

O Choque do carnaval

Escancaro
O caro som
Da alegria
Escondida
Apagada
Esmagada
Exaurida mas aparecida
Na semana carnavalesca

Do meu Rio
Que leva choque

Com reboque
Das perdas dos mesmos
Exauridos, desprovidos
De chão

Em meio a multidão
Ao som da percussão
Esconde
Esquece
A exploração

Sorrisos esperados
Na festa de fevereiro
Para aliviar
E esperar o carnaval passar

Vela
Aliena
Espera
Revolta
Exprime
Reprime
O olhar sem avisar...

Haiti

Explosão
Emoção
Da criança de braços abertos
Saudando
Os emocionados que a salvaram

Incoerência
De uma vivência explorada
Sem teto, sem chão, sem esperança
Como um campo de experiência

Órfãos de tudo
Espremidos pelo império
Imprimidos a servir
O Haiti não é aqui

Exploração
Coação
Prisão em seu próprio Estado-nação

Sem liberdade
Sem igualdade
Muita humildade
Na falaz democracia
De uma sociedade voraz

Sem pudor
No tremor
De perdas
E vidas

Achadas
Encontradas
Exploradas
Perdidas

domingo, 3 de janeiro de 2010

Choque anafilático

Infame
Inflame
me chame
para o vexame
do enxame

do ferrão
do zumbido
das abelhas
arquitetas da colmeia
Epopeia

prurido da vermelhidão
veio a rouquidão

Sem palavras
cem palavras
Não dizem nada
Não provam nada

Nada no rio
nada no mar
mergulha no vazio
profundo da irrazão
sem concepção
só na emoção

Ruído

Palhaços nos abraçamos
Com presentes
Ausentes do sentido imbuído
de um espírito consumidor
ruído
entendido como natalino

Ópio reduz o ódio
da miséria agravada
da corrupção nata deste sistema

Com nariz vermelho
alimentamos com alegria
a realizada mais-valia

No shopping
na concessionária
na padaria

Mercadorias
produzidas coletivamente

E o fruto?
Colhem direto da árvore

E a árvore de natal
nos conforta
com bolas de vidro
coloridas.